ISTO NÃO É UMA PASSACAGLIA

Project Info

Project Description

Isto não é uma Passacaglia
para banda sinfónica

  • data de composição: 2022
  • duração: ca. 19 min.
  • encomenda: Banda Sinfónica Portuguesa
  • estreia: 11/Setembro/2022 | Porto, Casa da Música |
    Banda Sinfónica Portuguesa / dir. Luís Carvalho
  • orquestração detalhada:
    flautim/ 3 fl. (3.= fl. alto)/ 2 ob./ c. ing./ 2 fg./ contrafg [opc.]/ req./ clar.: I, II & III in Bb (min. 4 cada)/ clar. bx./ clar. cbx. [opc.]/ sax sop./ 2 saxs alto/ 2 saxs ten./ sax bar./ sax bx. [opc.]/ harpa/ piano/ celesta [opc.]/ 4 tpa./ 3 trpt./ 2 flug. (= trp. 4. & 5.)/ 3 trbn. ten./ trbn. bx./ 2 euf./ tubas (min. 2)/
    cbx. [opc.]/ timp./ 5 perc.

 


Isto não é uma Passacaglia é, na verdade, uma passacaglia! A ironia do título presta homenagem a um dos meus pintores favoritos do movimento surrealista, René Magritte (1898–1967), e à sua icónica obra La Trahison des Images (A Traição das Imagens), mais conhecida como Ceci n’est pas une pipe (Isto não é um Cachimbo). O refinado e mordaz humor criativo de Magritte sempre me fascinou, e ainda que a minha obra musical não tente de forma alguma representar aquela (ou qualquer outra) pintura do mestre belga, encontro alguns pontos de convergência da minha linguagem musical com características de Magritte e do surrealismo em geral, nomeadamente a utilização de elementos tradicionais, mas não alinhados de forma ortodoxa. Assim, a minha Passacaglia que não o é mas é, está formalmente assente no tradicional princípio de repetição de um baixo ostinato sobre o qual se vão sucessivamente construindo variações, ainda que eu não utilize essa técnica de forma linear nem estrita. Por exemplo, o próprio ciclo do baixo ostinato que serve inicialmente de base à construção musical vai sendo livremente adulterado ao longo da peça, não só circulando entre instrumentos e mudando de registo, mas também metamorfoseando-se na sua estrutura, tempo, ritmo, direcção, etc., chegando mesmo a transformar-se em sumptuosa melodia num longo solo de flauta alto. Ao revisitar no séc. XXI esta forma musical tão antiga (as origens da passacaglia remontam à Espanha do início do séc. XVII), procurei uma simbiose entre tradição e modernidade que, tal como o cachimbo de Magritte, propõe um jogo de ilusões. Afinal, sendo intrinsecamente etérea, a Música é, porventura, a mais ilusória das artes.


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